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05 de Fevereiro de 2018

Previdência: combater privilégios e restaurar a confiança no Brasil

A economia brasileira parou de piorar, emitindo sinais de que a crise que assola o Brasil desde 2014 começa a ser revertida. Estímulos ao consumo desencadeados em 2017, assim como o desempenho de segmentos como o agronegócio, empurraram a economia para um resultado positivo e importante, mas os desafios continuam postos. Um crescimento sustentado e robusto não virá apenas pelo consumo, receituário com limitações conhecidas: é preciso retomar o investimento, restabelecendo o papel da iniciativa privada como indutora do desenvolvimento. Não se faz investimento sem confiança, por isso, a aprovação da reforma da Previdência é essencial para que o país dê passos mais largos na direção da recuperação.
Foco de um debate que tornou-se passional e pouco claro, a reforma da Previdência, além de corrigir privilégios e distorções históricas do Brasil, é o sinal inequívoco esperado pelos investidores nacionais e estrangeiros de que o Brasil leva a sério o compromisso de equacionar as contas públicas. É uma medida que, combinada à aplicação do teto dos gastos públicos e à redução continuada das taxas de juros, criará um novo ambiente de negócios no país, restabelecendo a credibilidade necessária à retomada efetiva dos investimentos que farão a economia crescer, gerando emprego e renda para a população. A importância da reforma fica ainda mais clara quando consideramos movimentos como o recente rebaixamento da nota de crédito brasileira por uma agência de risco, cuja avaliação foi impactada pela simples especulação de que as mudanças na Previdência seriam postergadas.
A indústria da construção defende a aprovação de medidas estruturantes para corrigir problemas históricos do Brasil. Medidas que atendam aos mais altos interesses da população e que permita ao país fortalecer sua economia. Em 2015, colocamos em pauta a qualidade do gasto público, defendendo a adoção de mecanismos de controle que impedissem a formação e ampliação de déficits – aquecido pela indústria da construção, esse tema entrou na agenda do Executivo e do Legislativo só em 2017, culminando na aprovação de um teto para os gastos públicos que já está em vigor. A reforma da Previdência é outra proposta defendida pelo setor, entendendo que é chegado o momento de corrigir distorções históricas e dar sustentabilidade ao sistema previdenciário. Reformar a Previdência hoje terá um impacto decisivo para a recuperação da economia e, também, para o futuro das próximas gerações.
O momento nacional exige clareza de propósitos: compromisso com o reequilíbrio das contas públicas e uma política econômica que combine o controle da inflação com juros baixos; assim como medidas para melhorar o ambiente de negócios e restaurar a confiança do investidor. Sem confiança, previsibilidade, segurança jurídica e compromissos claros não será possível retomar o investimento e, com isso, alavancar a economia de forma sustentada, gerando empregos formais e renda para a população. A aprovação da reforma da Previdência é ingrediente decisivo nesse contexto e, por isso, a indústria da construção apoia sua aprovação.
Reformar a Previdência agora é criar as condições para a aplicação de recursos na infraestrutura, no saneamento, na mobilidade urbana e em outros setores, hoje prejudicados pela incapacidade do poder público de realizar projetos estruturantes para o país. Indicadores divulgados pelo governo federal comprovam que o déficit público caiu em 2017 empurrado, também, pela forte redução no volume de investimentos: 32%. O país aplicou o equivalente a 0,7% do PIB, mesmo patamar realizado em 2006. No campo do investimento, o Brasil está regredindo a passos largos, num horizonte que hoje é de 12 anos e pode aprofundar-se ainda mais se as reformas, especialmente a da Previdência, não forem aprovadas agora.
Responsável por mais de 50% do investimento no país, a indústria da construção está numa encruzilhada: estimulada, será a nova âncora da recuperação da economia; esquecida, puxará a economia como um todo para baixo.